sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tentando explicar o tempo


O grande Mago da Babilônia, no conto 'Zadig ou o destino' de Voltaire, colocou o seguinte enigma “Qual é, de todas as coisas do mundo, a mais longa e a mais curta, a mais rápida e a mais lenta, a mais divisível e a mais extensa, a mais negligenciada e a mais irreparavelmente lamentada, que devora tudo o que é pequeno e que vivifica tudo o que é grande?”
.
Zadig, personagem principal do conto, disse ser o tempo e explicou “Nada é mais longo pois que é a medida da eternidade; nada é mais curto, pois que falta a todos os nossos projetos; nada mais lento para quem espera; nada mais rápido para quem desfruta a vida; estende-se, em grandeza, até o infinito; divide-se, até o infinito, em pequenez; todos os homens o negligenciam, todos que lamentam a perda; nada se faz sem ele; faz esquecer tudo o que é indigno da posteridade, e imortaliza as grandes coisas."
.
Mesmo sendo infinito e eterno, o homem tenta medi-lo. Mesmo sendo curto, 'há tempo pra tudo, debaixo do sol'. Apesar de às vezes ser estritamente lento ou rápido, pode ser constante ou acelerado. Grande ou pequeno, negligenciado ou respeitado, tem seus pesos e medidas. Pode-se ganhá-lo ou perdê-lo, esquecê-lo ou lembra-lo, mas não pode ser mudado. Tem seu ritmo independente. É a quarta dimensão. O nosso ciclo e nosso espaço. O limite ilimitado de todos os fatos. Sempre existiu e sempre existirá. E ainda continuarão tentando explicá-lo.
.

Juliano Dornelles

Nenhum comentário:

Postar um comentário