sábado, 30 de novembro de 2013

Memória Digital


A importância de prestarmos atenção, como pesquisadores, no conteúdo das mídias sociais, principalmente sobre os blogs e vlogs, deve-se ao fato de que é nestas narrativas cotidianas que encontra-se o registro mais autêntico e fidedigno de nossa realidade. As postagens compartilhadas em redes de interação são parte da memória de nossa época. Assim como os impressos, o cinema, as fotografias, o rádio e a televisão, foram (e ainda são) fontes de registro e resgate da memória de um tempo específico em nossa história. 

Poder focar a atenção nos vídeos, textos e imagens compartilhadas na rede é perceber que estamos construindo história. Construindo o mundo atual. A realidade de hoje. Pois são estes simples textos, fotos e conteúdo audiovisual que, ao manter vivo o presente através do registro digital, nos conectará com o mundo em que vivemos hoje em um futuro próximo.

Neste contexto podemos dizer que os momentos compartilhados nos vídeos do YouTube, por exemplo, assim como o conteúdo postado nos blogs do Wordpress e Blogspot, são de extrema importância como registro, possibilitando assim um resgate da memória a partir da visualização do respectivo produto midiático. Da mesma forma podemos dizer que é possível entender o comportamento social de um grupo ou de uma sociedade específica a partir do que é compartilhado nas redes. São então os canais de vídeo, os álbuns digitais e as homepages, a principal fonte de conexão com nosso tempo. Um registro capaz de manter viva uma época a partir da memória e do registro histórico.

J.P.D.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Crítica à Razão Tecnológica I


A medida em que interagimos com o mundo e os outros homens iniciamos um processo de descobrimento e entendimento do cosmos. Conhecemos os seres, as situações, a matéria e o que a transcende, a partir de um procedimento de nomeação. Os entes são definidos pela palavra. E é o logos (palavra) que traz o ente do universo da existência ao mundo existente.

O mundo só existe com palavras. É composto por tudo aquilo que pode ser definido pela nomenclatura. O código linguístico permite que compreendamos a coisa como coisa.

Neste contexto, criamos o nosso mundo, mesmo pertencentes a um mundo externo e coletivo. Nosso mundo, primeiramente apresenta-se delimitado pelo vocabulário. Ingenuamente poderíamos dizer que só seria existente em nosso mundo aquilo que pudermos definir ou entender a partir de um código linguístico. A palavra. O logos.

Me opondo a Heidegger, me atrevo a dizer que nosso mundo transcende o vocabulário. É composto também por tudo aquilo que desconhecemos, mas que, imerso no subconsciente da existência, faz parte de nosso cotidiano.

O universo da existência é ilimitado. Dele emergem os entes legitimados pela nomenclatura da palavra. Entes estes que formam um mundo. O mundo medieval; O mundo espiritual; O mundo da ciência; O mundo capitalista; etc

De algum modo não são mundos. São apenas esferas de interação baseadas em um vocabulário definidor de entes existentes. Ideologias, palavras e coisas. Pensamentos e preceitos.

Sei que parece difícil entender tais considerações sem utilizar ao menos uma fundamentação teórica como apoio. Mas se as bengalas nos fazem andar em círculos, caminhemos em linha reta com passos firmes.

O que desejo explanar com esta colocação parabólica e representativa é que podemos e precisamos nos desvencilhar da concepção do mundo como um conjunto de entes pré-definidos pela palavra. Podemos compreender o mundo como um coletivo de entes existentes somados ao que ainda é desconhecido e está imerso na esfera da existência.

Há uma necessidade de diálogo. A técnica surge como modelo pré-formatado de automação de atividades. Que, diga-se de passagem, é outra ‘bengala’. Transcender a técnica implica primeiramente entendê-la.

Partimos então da ideia de que somos e estamos no mundo. Mas quem somos? E em qual mundo vivemos? Existe mais de um mundo? Quantos mundos? Quais mundos?

As ideias aristotélicas nos induzem ao raciocínio lógico. Raciocínio este que matematicamente, e ceticamente, só nos permitiriam acreditar naquilo que pudermos ver, presenciar, experimentar, entender e explicar.

Eis a enrascada fenomenológica. Onde precisaríamos partir da observação lógica de um fenômenos para entendê-lo. Mas como entender um fenômenos sem conhecê-lo? Como definir algo sobre alguma coisa sem ao menos saber do que se trata?

A metafísica nos coloca na presença do existente que não pode ser apalpado. Tampouco pode ser visto. Tampouco, ouvido. O físico seria tudo o quanto pudéssemos pegar, tocar e ver. Mesmo que fosse uma representação imagética de algo concreto. Mesmo assim seria uma imagem física.

‘Penso, logo existo’, diria Descartes. ‘Penso, logo hesito’, diria o prudente. Mas quem seria o prudente? E o que seria a prudência? Além de um ente metafísico a compor o pensamento consciente. Sendo que própria consciência e o próprio pensamento são entes metafísicos.

Neste universo de questionamento entra o ser. Somos o ser? O ser pode ser definido como um ente? Mas, se o ‘mundo é’ (algo definido pela palavra), poderíamos reduzir o mundo a um ente? Ou continuamos nos definindo pela palavra, mesmo sabendo que cada homem pode ser um mundo a parte; Com próprio vocabulário; Com entes exclusivos de uso e diálogo intrapessoal?

Talvez Heidegger discordasse desta colocação. Pois segundo ele, o mundo é um conjunto de entes. Enquanto os entes são todas as coisas, físicas ou metafísicas, que podem ser definidas pela palavra. Conforme Heidegger o homem seria um ente, e não um mundo. Chegou a hora de contestarmos esta posição.

Se o homem como mundo parece transcender o pensamento condicionado pela fundamentação teórica em Heidegger, entendemos então o homem como ente. Ser agente transformador do mundo. Ser participante da interação social.

O mundo dos homens, da física e da metafísica, é cada vez mais condicionado pela técnica. Mas o que é a técnica? Um tipo de saber? Um saber que faz acontecer? Um procedimento metodológico? Ou o que mais pudermos definir como tal?

De algum modo, a técnica vem automatizando o mundo. Da mesma forma que o seu principal produto; A tecnologia. Mundo este, que apropriado pela maquinação nos coloca em um total contexto de armação tecnológica. Um mundo cada vez mais tecnológico. Mecânico e automático.

J.P.D.

Crítica à Razão Tecnológica II


O homem passa a ser percebido como máquina. Navega da esfera do ser ao exercício funcional. Funcionar passa a ser a consequência da maquinação. Cada vez mais funcional e calculista, o homem sufoca o ser criador para se tornar um ser explorador e apropriador do existente.

O fato é que ambos os seres convivem no homem. A criação poiética e a exploração maquinística funcional da armação coexistem em um momento de transição.

O homem passa a ser percebido como máquina. Navega da esfera do ser ao exercício funcional. Funcionar passa a ser a consequência da maquinação. Cada vez mais funcionais e calculistas o homem sufoca o ser criador para se tornar um ser explorador e apropriador do existente.

O fato é que ambos os seres convivem no homem. A criação poiética e a exploração maquinística funcional da armação coexistem em um momento de transição.

O mundo se converte em imagem, e como um ente se torna fruto de apropriação do ser maquinístico. Somente quando dotado da capacidade de criação e recriação, o homem como mundo, e o próprio mundo, como coletivo de homens, são capazes de sobreviver a armação funcional.

Cada um tem um papel na sociedade. E a sociedade, cada vez mais condicionada pela máquina e pela técnica se torna funcional. O estruturalismo nos revela que cada coisa tem o seu lugar. Ainda mais em uma sociedade em que os entes se encaixam entre si como engrenagens.

De algum modo, diante da percepção humana, alguns fatores essenciais  armação se encontram camuflados èm um mundo cada vez mais cético. ‘Onde é preciso ver para crer’.

O homem deixa de se basear nos deuses e começa a se entender como máquina. O mundo surge como um grande conjunto de engrenagens. Funcionando, ora perfeitamente, ora caoticamente. E entre a ordem e o caos os homens se apropriam de tudo o quanto é compartilhado no mundo.

Heidegger define o homem como ente. Pois o homem, assim como mundo em que vive, é um conjunto de entes. Cada ser apropriado. Cada personificação. Enfim, tudo o quando é possuído pelo homem a partir do ser compõem o homem como um universo coletivo.

Os entes a comporem o homem, são como engrenagens em uma grande máquina. Tomando como exemplo podemos definir um homem como calmo ou agitado. Se é calmo, não é agitado. Se é agitado, não é calmo. Ora se o ser agitado é um ente e o ser calmo é outro, o homem que consegue ser calmo e agitado em momentos distintos, é possuidor de dois entes opostos. Sendo assim um coletivo. Parece complicado, mas da mesma forma que maçã e banana são frutas, maçã é maçã e banana é banana.

O fato é que a grande maioria dos homens não se detém mais a pensar sobre estes e outros temas. E é mais cômodo concordar com Heidegger do que concordar comigo.

O certo é que vivemos em um mundo estruturado pela palavra. No mundo maquinístico e funcional há quem diga que ‘as coisas não podem ser mais coisas’, da mesma forma que o homem tem de ser compreendido como um mundo, ao invés de continuar sendo reduzido a um ente, como propõem Heidegger.

No subjetivismo, o que é bom é bom. O que é mau e mau. Mas sendo o bom diferente e oposto ao mau, o homem como mundo (conjunto de entes) é dotado do bem e do mal. Mas não pode ser um ‘bom mau’, nem um ‘mau bom’. Da mesma forma que água é água, pau é pau e pedra é pedra.

Mesmo assim, precisamos entender e respeitar Heidegger. Podemos sim, erradamente (esta é uma posição pessoal), conceber o homem como um mero ente. Da mesma forma que o mundo pode (hipoteticamente) ser reduzido a tal, sempre que o definirmos por uma única palavra.

Em uma crítica à razão tecnológica precisamos entender este processo onde a poiésis da criação e da reflexão existencial do ser, deu lugar à maquinação, ao mundo tecnológico funcional, aos seres exploradores do mundo reduzido
à imagem e a armação maquinística.

Remetendo à Pitágoras, o qual nos explanava ser o homem a medida de todas as coisas, lembramos agora ter outros referenciais. Se a mitologia nos traz os deuses como parâmetro de comparação e perfeição, hoje as máquinas e a tecnologia vêm ocupando este lugar.

O mundo determinado pela tecnologia suspira os ares da criação poiética. Homem imerso no calculismo reclama a ressurreição do subjetivismo imerso em seu interior.

A modernidade cria o novo sistema. O homem é condicionado por este sistema. A técnica dá o poder ao homem. Cada um encontra o seu lugar. Enquanto isso, em sentido contrário, a humanidade respirando ares tecnológicos, em seu subconsciente, clama uma chance de resgate dos valores poiéticos do ser criador e da retomada de uma reflexão existencialista. O ontem e o amanhã se encontram no hoje.

J.P.D.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Teorias da Comunicação


Durante décadas percebemos os esforços dos pesquisadores em comunicação, assim como estudiosos da sociologia, antropologia e outras áreas das ciências humanas, em buscar o entendimento a cerca dos fenômenos ocorridos no processo comunicacional.

Muito antes da Escola de Frankfurt, a importância dos meios de comunicação de massa já era avaliada pelos olhos atentos dos cientistas da comunicação. Hoje, mais do que nunca, o entendimento das teorias da comunicação ganha importância dimensionada no contexto em que vivemos. Ainda chegamos a perguntar, em algum momento, se existem teorias ou uma única teoria. A resposta é clara e evidente. Existem teorias imersa na grande ‘teoria da comunicação’.

O certo é que nos interessa o entendimento sobre os fenômenos e efeitos do processo comunicacional. De toda forma precisamos ir além das perguntas propostas no modelo de Lasswell ‘Quem? Diz o quê? A quem? Em qual canal? Com que efeito?’. Precisamos entender como é construída a mensagem. Como são adquiridas as informações. Como podemos transcender tudo aquilo que já conhecemos. E este é apenas o começo.

De algum modo somos influenciados pelos fenômenos estudados pelos pesquisadores da comunicação. As teorias são vivenciadas na prática da interação. Ainda mais hoje em dia, em um mundo de apropriações, compartilhamentos e construção coletiva.

Os efeitos da Agenda Setting podem ser percebidos a olho nu e à distância. Percebemos a influência dos meios de comunicação na construção das pautas de nossas conversações. Até mesmo as conversas das mesas de bar são influenciados pelo que assistimos na televisão, ouvimos no rádio ou acessamos nas mídias sociais.

Da mesma forma, percebemos o controle da informação. O Gatekeeping segue limitando a liberdade de expressão. Até mesmo na internet, onde a comunicação seria aparentemente livre de censura. Sites como Facebook e YouTube controlam o que é postado, excluindo conteúdos e punindo internautas quando algum conteúdo ‘impróprio’ é compartilhado. Entretanto, o ‘o que é ou não impróprio’ parte de uma definição dos próprios sites e portais.

A manipulação da mídia é observada em cada dispositivo. Nas campanhas políticas. Na publicidade de produtos. No marketing pessoal das celebridades. Os grandes veículos de comunicação detém o poder de elevar ou derrubar a imagem de quem quer que seja. Marca, ideologia ou personalidade.

E nesse processo comunicacional todos nós participamos. Uns de maneira passiva. Outros de maneira mais ativa. Contudo, vivemos um período de transformação. Partimos de um momento de comunicação de poucos para muitos, a um momento de comunicação de muitos para muitos.

A internet, e sobretudo as mídias sociais, surgem como o principal palco desta transformação. E a indústria cultural já percebeu na internet um grande mercado. O mercado multimídia do hipertexto e do audiovisual. Da mesma forma como encontra-se nos internautas os novos produtores do conhecimento.

Apesar da grande maioria dos internautas serem consumidores e compartilhadores, o número de internautas que produz o próprio conteúdo cresce a cada dia. Textos, fotos e vídeos de autoria própria abastecem os usuários com informações de todo grau e gênero.

Com a popularização do rádio e da televisão no século vinte, a popularização da internet na virada do milénio e dos dispositivos móveis nesta segunda década, percebemos o crescimento vertiginoso no uso das tecnologias com fim de mediação da comunicação. E juntamente com o crescimento do uso, cresce também a necessidade de entender como tais tecnologias funcionam. E como tais fenômenos acontecem.

Neste contexto, vale observar que as teorias da comunicação ajudam a entender este processo entre emissor e receptor, em que a troca de mensagens, assim como feedbacks, a partir de um meio ou canal, sofrendo a interferência do ruído, vem sendo redesenhado com o tempo. E ainda há muito a ser desenvolvido em uma superação evolutiva constante. Este é apenas o começo.

J.P.D.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O compartilhamento midiático do cotidiano na Idade Mídia I


A partir do desenvolvimento tecnológico e do ingresso do homem na Idade Mídia, surgem novas perspectivas sociológicas sobre a realidade na esfera midiática. A interação mediada, a visibilidade anabolizada, o interesse pela vida privada dos indivíduos comuns, a comercialização das histórias pessoais e intimidades a partir de um contexto de telerealidade. Estamos na vitrine e somos monitorados a todo instante.

Os programas de Reallity Shows são um exemplo claro da discussão a que se propõem alguns filósofos pós-modernos. A transformação da vida íntima em produto a ser comercializado e consumido pela grande massa. Estamos todos de olho na televisão e nos sites de relacionamento.

Os programas de auditório assim como os telejornais mais impessoais (com ênfase aos programas policiais) revelam um mundo cada vez mais próximo do real. De algum modo, o mundo televisionado se distancia um pouco da realidade pelo fato de que o comportamento humano tende a mudar quando se está na frente das câmeras. Mesmo quando se tratam de câmeras escondidas, como no caso  de programas como o Big Brother, por exemplo.

Programas desse tipo se aproximam de uma representação mais fidedigna da realidade. Podemos citar outros exemplos tais como Fama, Idolos, The voice, No limite, A fazenda, Casa dos artistas, entre outros. Todos eles têm como objetivo principal aproximar o público da realidade a partir da exposição das intimidades dos participantes.

Os participantes destes programas expõem suas emoções diante das câmeras. E quando esquecem da presença delas, agem de forma natural. Isso faz com que o público se identifique com os personagens e protagonistas destas programações.

Neste contexto, criam-se laços cada vez mais racionais entre os indivíduos e a sociedade. A sociedade se vê nas telenovelas, nos telejornais, nos programas de entrevistas e nos mais distintos formatos televisivos. Um verdadeiro show protagonizado por pessoas comuns. Seja a partir da representação feita por atores, ou pela atuação de personagens reais.

Neste mesmo contexto emergem as narrativas virtuais na web. As homepages, os blogs, os álbuns digitais de fotografia e os canais de vídeo, retratam com mais clareza a sociedade real. Assim como a televisão, a internet entra na casa das pessoas da mesma forma que as pessoas entram na internet. Hoje é comum compartilhar a vida privada em sites de redes sociais. Assim como curtir o que é compartilhado por outras pessoas.

Vivemos a era do curtir e do compartilhar. Tudo pode ser curtido e compartilhado. Basta ter acesso a um computador ou smartphone conectado à internet. E pronto. Fotos, vídeos e textos ganham o mundo e ficando disponíveis ao acesso da grande massa.

A massa costuma se identificar com aqueles os quais são vistos como semelhantes. Sendo que na sociedade atual, cada indivíduo tem uma especialização, nos identificamos com os quais tem algo em comum. Seja a profissão, o gosto musical, o time de futebol, uma ideologia, costume, preferência ou moda.

Os relacionamentos, cada vez mais virtualizados, agora se dão a partir da mediação tecnológica. Não somente entre a pessoas mas também entre as pessoas e a sociedade. Entre o consumidor e o mercado. Em relação aos produtos, a arte, às ideologias políticas e todo tipo de interesse.

Emerge nesta nova sociedade uma consciência individual. Juntamente de uma consciência coletiva. Sendo que ambas se retroalimentam entre si. De algum modo percebemos o peso do social sobre o indivíduo, ao mesmo tempo em que percebemos a resistência e adaptação do indivíduo à nova sociedade.

Parafraseando Durkein, poderiamos ainda afirmar que ‘a sociedade tem maior importância que a soma dos indivíduos’. Contudo é composta por eles. De toda forma há uma necessidade e de compreensão entre o indivíduo e o social. O fato é que o social sempre interfere de algum modo nas atividades e modos de pensar do indivíduo.

J.P.D.

O compartilhamento midiático do cotidiano na Idade Mídia II


A sociedade é uma máquina que fabrica deuses. Onde emergem as celebridades a comercializar seus caminhos pré-formatados e construídos sob medida. Indivíduos emergem do anonimato e ganham a cena ao disponibilizar em rede suas histórias pessoais.

De toda forma a sociologia compreensiva representa um perigo. É preciso compreender pra explicar. E só podemos entender a sociedade se entendermos o indivíduo.

Ao nos depararmos com a realidade de outras pessoas, enxergamos no outro um igual ou um oposto. Um semelhante ou um diferente. De algum modo, nos encontramos no outro e o outro se encontra em nós.

Ao assistir determinados programas televisivos ou ao consumir determinados conteúdos na internet, acabamos sentido o que os protagonistas das histórias compartilhadas sentem. Ou o contrário, quando o percebemos como um oposto.

A semelhança e a diferença se encontra nos semelhantes. E tudo está na televisão. E, agora mais do que nunca, na internet. Notamos o interesse pela exposição e consumo da vida privada quando navegamos em sites de mídias sociais como Facebook, Google Plus, Twitter e YouTube. Pessoas comuns compartilhando episódios de seus cotidianos.

Desta forma o cotidiano se transforma em objeto de consumo. Há um desenvolvimento da sensibilidade em torno da temática do imaginário popular. Consumimos, tanto histórias sobre homens do passado quanto homens do presente. Está tudo arquivado em rede. E tais arquivos contribuem para que mantenhamos o resgistro das memórias de nosso tempo.

Os blogs e vlogs da internet são tão importantes quanto os programas televisivos no que tange ao caráter de registro de memória de nossa época. De toda forma ainda há aqueles que se escondem e evitam expor-se nas plataformas de mídias sociais.

O fato é que desejamos saber mais sobre tudo e todos. Neste sentido a transparência e a visibilidade facilitam este processo de compartilhamkento e consumo. A hiper-realidade relaciona as identidades e vidas compartilhadas e consumidas. O ciberespaço se torna uma grande vitrine. Um grande cardápio. Com modelos de vida e caminhos os quais podemos escolher, adaptar e incorporar em nosso dia-a-dia.

O saber passa a ser produzido de forma coletiva e individual simultaneamente. Estamos todos trabalhando em rede. E contribuindo com a construção do indivíduo e da sociedade pós-moderna.

Em um mundo hiper-globalizado reunimos informações sobre os mais distintos assuntos. Tomamos pessoas como referenciais. E nos apropriamos de tudo o quanto for compartilhado em rede.

Nós, consumidores de conteúdo multimídia, nos tornamos também produtores de conhecimento. Compartilhamos informações sobre os mais distintos assuntos. E estamos cada vez mais interessados em consumir histórias sobre o cotidiano e a vida de outras pessoas. O mundo multimídia se tornou um grande show compartilhado. 

J.P.D.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Tá na Mídia


Na era da informação os grandes veículos de comunicação, assim como os pequenos e alternativos canais, pautam as discussões coletivas. Tudo o quanto é televisionado, transmitido no rádio, escrito nos jornais e revistas, assim como o que é compartilhado na internet, acaba direcionando as discussões coletivas. Em alguns casos a comunicação se torna viral. De toda forma a mídia constrói e reproduz estereótipos. Construindo a imagem pública de pessoas e instituições.

Deste modo, marcas são colocadas no topo da preferência do mercado a partir de ações de marketing e publicidade. Líderes são legitimados a partir dos depoimentos compartilhados sobre suas performances e histórias de luta. Ideologias são apoiadas e derrubadas. Tudo a partir de um processo em que a mídia trabalha o que chamamos de quarto poder. 

De certo modo o agendamento das pautas discutidas, da mesma forma que a censura, é uma ação utilizada no sentido de controle do que é veiculado. Como a notícia é tratada; Quais enfoques são inseridos; E o que entra ou fica de fora da matéria. O fato é que a notícia pauta a matéria. Contudo tais noticias são direcionadas conforme o interesse do veículo. De outro lado, as matérias pautam as conversas de mesa de bar, das rodas de chimarrão e dos salões de beleza. 

As ações de agendamento, censura, tratamento de conteúdo e manipulação de informações ocorrem simultaneamente na mídia de massa. Em alguns casos de forma mais explícita do que em outros. A imagem das marcas e personalidades, assim como o que é discutido nas ruas é fruto de uma construção racional formatada pelos meios de comunicação de massa. 

A internet, apesar de seguir o mesmo esquema no que diz respeito aos canais mais famosos, é um pouco mais aberta, uma vez que podemos participar de forma igualitária da construção social da realidade a partir da informação compartilhada em canais pessoais alternativos. A web surge como uma alternativa de resistência frente a toda a influência que a grande mídia exerce sobre a sociedade. Os internautas, uma vez incluídos como prossumidores do mundo digital, ganham voz e vez pra falar e compartilhar tudo aquilo que for do seu interesse.

J.P.D.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Programação e Redes Sociais Inteligentes


Assista o vídeo do dia e inscreva-se em nosso canal. Sugestões e comentários são bem vindos. Enjoy the Vlogger Show Mídia !

J.P.D.

domingo, 24 de novembro de 2013

Software Livre


Os softwares livres são programas de computador como todos os outros, contudo com a vantagem de que o código fonte de programação é aberto. Ou seja, os usuários podem contribuir com mudanças significativas ao aprimoramento dos programas e aplicativos. Assim como os softwares freeware, os softwares livres são distribuídos gratuitamente, geralmente via download ou através da instalação a partir de CDs e DVDs. Uma vez que a produção colaborativa ganha proporção, a programação coletiva proporciona o desenvolvimento de softwares e apps mais complexos dentro de um contexto evolutivo de pluralidade de contribuições. Outro fator importante é a possibilidade de romper com o monopólio das grandes empresas de construção de softwares. O software livre é considerado por muitos o futuro da programação informática no mundo.

J.P.D.

sábado, 23 de novembro de 2013

Comunicação entre espécies


Mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico e técnico nas formas de comunicação e interação interpessoal, ainda vivemos um distanciamento linguístico em relação aos outros animais. Certamente o mundo será outro se um dia pudermos nos comunicar com os seres vivos de outras espécies. aparentemente distante, desta hipótese pode vi a se tornar realidade no futuro. Sei que posso ser considerado louco por isso, mas acredito em uma época em que estaremos trocando informações com cavalos, cães, golfinhos e pássaros a partir de um código linguístico comum. E então poderemos viver uma comunhão ainda maior com a natureza.

J.P.D.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Programe - Ou será programado !


Na era tecnológica, a informática vem crescendo em importância no desempenho de boa parte das atividades profissionais. Quando dominamos as ferramentas necessárias ao desenvolvimento de nossas atividades cotidianas, tudo flui com maior facilidade. O fato é que, além do conhecimento básico sobre o funcionamento de softwares, aplicativos e sistemas operacionais, cresce cada vez mais a necessidade de domínio sobre a programação.

No livro 'As dez questões essenciais da era digital', Douglas Rushkoff nos coloca a seguinte máxima: 'Programe seu futuro ou será programado por ele'. Rushkoff se refere ao fato de que, hoje em dia, costumamos aprender nas escolas e universidades a utilizar as ferramentas informáticas. Como utilizar os softwares. Entretanto, poucos dentre nós dominamos alguma linguagem de programação. Geralmente utilizamos os programas existentes. E raramente encontramos internautas que criam os próprios programas.

Este fato coloca o usuário leigo em programação na dependência dos programadores. Que, por sua vez (segundo Rushkoff), irão dominar o mundo. Em um futuro próximo, já iniciado em nossa era, a maioria dos usuários da tecnologia serão capacitados a criar os próprios aplicativos. Será como brincar de fazer a planta da próprio casa ou desenvolver o próprio website. Contudo, iremos muito além disso. E todos precisaremos dominar a programação pra sobreviver no mundo vindouro, independente de qual seja a profissão ou a idade. Estamos a caminho nesta direção. Agora é questão de tempo.

J.P.D.

Leia a resenha completa de minha autoria do livro 'As 10 questões essenciais da era digital' (Douglas Rushkoff, 2010) publicada na Revista Temática (Novembro, 2013).

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Contextualizando


Estava conversando com um colega sobre o que seria uma citação de referência descontextualizada. Meu colega perguntou se era 'citar algo nada a ver'. Respondi-lhe com um exemplo banal.

Imagine uma situação. Você utiliza a citação 'é bom tomar no sol do verão' em seu artigo sobre drinks. Seu artigo é sobre bebidas tradicionais em certas estações do ano. A referência em questão também provém de um texto sobre o mesmo assunto. O fato é que você utilizou uma citação de um fragmento sobre água de coco, em um parágrafo sobre quentão.

De fato, meu bruxo. Descontextualizado é quando não tem nada a ver. E contextualizado é quando trata-se do mesmo objeto nas mesmas condições. Apesar de que hoje em dia, tudo é válido. Inclusive brincar com as palavras (desde que fiel aos sentidos) tornando o desconexo, contextualizado. Até porque o 'nada a ver' pode ter 'tudo a ver'.

J.P.D.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Tecnológicos - Nós (Homens e Mundo)


A essência da técnica passa pelo pensamento reflexivo. A capacidade de ir além do bem e do mal. A tecnocultura jamais poderá ser contida. De algum modo, a técnica moderna não é uma continuidade da técnica antiga. É algo novo. Uma criação poética (ou poiética - oriunda da poiésis) em que o ser capta do cosmos a revelação do saber imerso no universo da existência metafísica. De toda forma, a técnica moderna implica uma exploração funcional do mundo. 

A armação surge como modo de pensar e agir. O mundo se apresenta como um sistema calculável. A essência do ser é ofuscada e encoberta pela dimensionada e crescente importância das máquinas em um mundo cada vez mais maquinístico. A capacidade reflexiva do ser criador é ameaçada pelo determinismo tecnológico. Onde a ciência matemática e o calculismo visam a automação, a automatização, a produção (e reprodução) em série e em massa.

Criadores e produtores disputam espaços com exploradores. Ao mesmo tempo em que a espécie humana se recria, o homem  se reinventa. O mundo é redescoberto. O novo ser se adapta ao novo ambiente. O novo homem se adapta ao novo mundo. A técnica como conhecimento operacional ganha extrema importância no determinismo tecnológico. Padronizamos os procedimentos a partir de observações calculistas, reconstruções matemáticas e procedimentos inventivos. Nos apropriamos do mundo e pomos o mundo a produzir pra nós. Um mundo cada vez mais alterado pela técnica e pela tecnologia. Nós (homens e mundo) nos tornamos tecnológicos.

J.P.D.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Segredo do Cosmos


O espírito do tempo nos ensina as leis do universo; O poder criador do pensamento; A comunhão total com o infinito quando tomados pelo sentimento inclusivo e igualitário; Além das infinitas trocas entre os homens, os astros e as forças da natureza. Vivemos no espaço onde as energias compartilhadas são multiplicadas. Fluindo entre os homens à medida em que o ser se recria e o mundo se transforma. Quanto mais doamos, mais nos tornamos merecedores de receber. E quanto mais compartilhamos, mais somos capazes de criar. Quando se entende os segredos do cosmos, tudo começa a funcionar perfeitamente.

J.P.D. 

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Retroalimentação


Vivemos uma época em que a coletividade ganhou proporções dimensionadas em relação ao mundo individual. Participamos das mais variadas redes de relacionamento. Sendo que agora contamos com as redes virtuais além da esfera real. As relações presenciais e virtualizadas coexistem em um universo de trocas e compartilhamentos. No qual vivemos um processo de retroalimentação entre os indivíduos e a sociedade.

No tempo das tribos e das comunidades virtuais, o processo colaborativo vai além da construção de uma inteligência coletiva. Na retroalimentação o indivíduo se alimenta da linguagem, cultura e conhecimento das redes sociais as quais participa. Sejam elas virtuais ou de relacionamento presencial. 

É certo que há uma distinção entre as interações face-a-face e as interações mediadas. As trocas presenciais são mais intensas em dimensões que transcendem a troca de conteúdo virtual. Além das imagens, sons e textos, temos o contato físico. Por sua vez, insubstituível e inigualável. A retroalimentação entre redes, grupos e interagentes é o fator chave na construção social das coletividades e individualidades. Deste modo o coletivo se abastece dos indivíduos enquanto o oposto ocorre simultaneamente.

J.P.D.

domingo, 17 de novembro de 2013

Magia em Rede


As mídias sociais se tornaram meios de comunicação de massa. Com massiva participação popular. Neste contexto, buscamos espaço pra compartilhar visões pessoais e opiniões sobre os mais distintos assuntos. Interessados na vida alheia, zapeamos a rede em busca de boas histórias. Do mesmo modo, escrevemos, dirigimos e protagonizamos o filme de nossas próprias vidas. Doando um pouco de nós ao mundo e colhendo do mundo o que nos interessa. As mídias sociais se tornaram lugar de intercâmbio cultural, profissional, emocional e espiritual. Pois... Em rede, tudo é magia.

J.P.D.

sábado, 16 de novembro de 2013

Prazeres de uma Nova Era


Embriagados pela pós-modernidade, excitamo-nos com o avanço tecnológico; Com a participação midiática em uma nova ciberdemocracia; Com a globalização cultural; Com a heterogeneidade sem precedentes das megalópoles cosmopolitas; Com o avanço do virtual sobre o real; Com o excesso de liberdade, muitas vezes engolida pela libertinagem; Com a discriminalização das drogas; A legalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo; Entre outros fatores a desviar o sentido filosofal existencial. E, neste contexto, apesar de nada ser novidade, tudo contribui ao ecstasy chapante a anestesiar os sentidos. Em uma sociedade desvirtuada dos valores morais patriarcais a ingressar de vez no universo do consumismo e do lucro a qualquer custo. Onde a importância do ter (e do parecer) avança sobre o valor do ser. Enfim, hemos de gozar juntos os prazeres de uma nova era.

J.P.D.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Tecnocracia


A tecnocracia surge como uma nova forma de governo em que a tecnologia governa o mundo. No sistema tecnocrata busca-se delegar às máquinas o gerenciamento de algumas atribuições governamentais de execução, gerenciamento e controle. Com autonomia de decisão, a tecnologia se encarrega de distribuir recursos, organizar obras e computar as melhores alternativas de forma automática dentro de um severo sistema pré-programado. Eis uma alternativa a qual surge em um contexto de sobrecarga burocrática nas atividades humanas, aliviando encargos e possibilitando melhor aproveitamento do tempo e disponibilidade às atividades extra-profissionais.

J.P.D.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Construindo o Mito


A telerealidade está no centro da comunicação atual. A vida íntima e o cotidiano. Os desafios e os casos de sucesso de pessoas comuns, como eu e você. As particularidades tornam-se coletivas. E as confidências, compartilhadas com a grande massa. A dimensão trivial cresce em importância em um contexto de sacralização do dia-a-dia. 

Na internet, milhares de internautas compartilham suas vidas em plataformas de distribuição de conteúdo. Há um sacrifício midiático entre os prossumidores. Neste contexto percebemos a legitimação do ser no estado de comunicação. De toda forma, a zona virtual é uma zona de sombra do real. As pessoas se transformam quando cientes de estarem frente às câmeras. Ou simplesmente, ao comunicarem sua realidade.

Esta transfiguração da realidade misturada ao fator realístico pode ser percebido em blogs, vlogs e programas televisivos no formato reality shows. De algum modo, a verdade comunga com a fantasia da representação. O mundo e o ser mostram-se fruto de um anabolismo do real pelo imaginário. Onde o homem se materializa mito.

J.P.D.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Maquinação


Vivemos um processo extremo de armação e maquinação do mundo. A tecnologia se torna ente determinante no mundo tecnológico. O ser criador torna-se explorador e reprodutor de outros seres e criações. Recria-se ao mesmo tempo em que produz em série.

O mundo se converte em imagem e representação. O homem como ente se multiplica e se torna fruto de apropriação do homem como mundo. Mundo este que se torna cada vez mais complexo. Ao mesmo tempo em que a ciência, influenciada pelo cálculo e experimento matemático, maquina a multiplicação dos fenômenos naturais.

O homem se apropria do mundo virtualizado nas imagens que o representa. E pra libertar-se do risco de se tornar fruto de reprodução e apropriação é obrigado a recriar-se continuamente. Tudo isso na sociedade tecnológica onde o homem descobre-se e assume-se como máquina. O mundo pós-moderno é o habitat em que o pós-humano surge como um hibrido ser vivo e tecnológico.


J.P.D.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Comunicação Funcional


Na Teoria da Comunicação entende-se por Funcionalismo efetivo na interação quando a mensagem atinge a finalidade a que se propõe. De outra forma, diz que o efeito é disfuncional. Isto ocorre quando o efeito inesperado é diferente ou oposto ao efeito desejado. Como exemplo podemos citar um caso:

Há uma blitz na Rua Lima e Silva, no bairro boêmio Cidade Baixa em Porto Alegre, em um sábado à noite. Nesta blitz, os Azuizinhos (fiscais de trânsito) da EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) estão apreendendo os veículos dos motoristas que dirigem sob efeito de álcool. Um jovem avisa seu amigo pelo Whats App, dizendo para evitar passar pela rua. O motorista faz um caminho alternativo, por uma rua paralela, escapando de ser aprendido.

Neste caso a comunicação foi funcional em relação ao jovem motorista contactado, pois o ajudou a fugir da blitz. De outro modo, foi reversa aos fiscais de trânsito que faziam seu trabalho no local. Resumindo em poucas e simples palavras: A comunicação funcional pressupõe um benefício racional esperado, enquanto a reversa pode acarretar um efeito inesperado e distinto da intenção inicial. Este é apenas um dentre os tantos exemplos que podem exemplificar a funcionalidade da comunicação..

J.P.D.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Show do Eu


A evolução dos programas televisivos e a transformação da internet em mídia de massa, mudou a forma como consumimos a realidade. Os programas de reality show, assim como a crescente exposição voluntária nas mídias sociais, abriram janelas voltadas ao cotidiano dos seres humanos em seu habitat natural, trazendo a vida íntima das pessoas comuns pra dentro de nossos lares. Um espetáculo no qual os anônimos tornam-se celebridades em um processo de virtualização do real e hipertrofia do individualismo, juntamente de um movimento coletivo de compartilhamento do que alguns autores chamam de 'o show do eu'.

J.P.D.

domingo, 10 de novembro de 2013

Ganhando Espaço


O surgimento das novas tecnologias implica a substituição gradual das velhas tecnologias. Assim, o papel substituiu os papiros e o e-book vem ganhando espaço frente ao livro impresso. Do long play ao K7, ao Mini Disc, ao CD e ao Mp3,  foram décadas de evolução e adaptação do mercado consumidor. O mesmo ocorreu com o videocassete, posteriormente substituído pelo DVD player e Blu-Ray. O certo é que o papel ainda irá sobreviver um tempo até ser totalmente substituído pelas novas tecnologias de digitalização de texto e imagem. Contudo, esta é uma evolução natural, evidente e inevitável.

J.P.D.

sábado, 9 de novembro de 2013

Tecnologia Viciante


Mudando de assunto, e fugindo um pouco da abordagem de temas mais acadêmicos (até porque este blog também é uma narrativa pessoal e autobiográfica), toquemos em um assunto cotidiano de uma forma mais coloquial. A Internet vicia e causa séria dependência. Mesmo com todas as vantagens da tecnologia é necessário encontrar atividades alternativas pra fugir um pouco da rotina eletrônica.

No meu tempo de guri, peguei toda a evolução inicial dos games. Desde o Telejogo, Odissey, Atari, CP 400, Nintendo, Master System, MSX, Mega drive, Super Nintendo, Neo Geo, Nintendo 64 e Playstation I. Durante alguns anos, me afastei temporariamente do mundo dos videogames devido a uma forte atração pela boemia noturna. Montei uma banda de garagem, fazíamos ensaios em estúdio (na total loucura) e esquecíamos anestesiadamente dos compromissos sociais.

Após uns doze anos de abstinência dos consoles, resolvi reingressar no mundo dos games, no qual fui criado. Em tempos de Playstation IV, resolvi adquirir um Playstation II, na tentativa de buscar a evolução dos consoles que havia deixado pra trás. Nintendo Wi e X-box foram alguns dos consoles que ficaram no caminho após meu envolvimento profundo com o rock'n roll life style. Tempos de piercing, tatuagens e longos cabelos. Posso ainda acrescentar estilo Metal-Grunge-Blues-man. Uma época em que andava com a harmônica no bolso, vestindo camisetas Megaforce, boné dos Yankees, calça Overdose, jaqueta James Jean  e Nike Force.

O certo é que boa parte dos caras de minha geração viveram estas duas fases. E até hoje vivem ao menos uma delas. Chega uma hora em que o interesse pela roda punk e pelo compartilhamento do esterco embalado em Colomy e Pure Hemp (momento também conhecido como reunião da fumaça) compete diretamente com o Joystick, o Mouse e o Keyboard

Apesar de ter me afastado temporariamente dos consoles tradicionais de videogame, me mantive ligado aos games através do computador. Desde o Prince of Persia ao Second Life, foram horas e horas jogando o 'jogo da cobrinha' no celular. Lembra dele? - Sem contar com Age of Empires e toda a sequência que veio depois.

O que quero dizer com tudo isso é que minha geração, e as que vieram depois dela (mais ainda), se tornou viciada em tecnologia. A gurizada de hoje foi concebida via upload, passaa gestação se alimentando via streamming, pra nascer a partir de um donwload e receber a herança do mundo via broadcasting.

A loucura maior é que agora, além dos velhos conhecidos games, nos viciamos em mídias sociais, aplicativos móveis, redes de compartilhamento e muito mais. Apesar de ser preocupante, este ainda é um vício aparentemente mais saudável do que o herdado da geração Hippie-Punk dos anos sessenta e setenta De toda forma, as duas formas de socialização, inclusão e exclusão, convivem nos dias atuais. O segredo entre tantas tentações é manter o controle em um processo de desenvolvimento da maturidade. Contudo,  'o que vem a ser a maturidade' é um assunto a ser debatido em outro momento.

J.P.D.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Virtual


No processo comunicacional há uma troca de informações entre emissores e receptores. Códigos e representações são compartilhados. Informações são produzidas e consumidas. Uma comunhão entre o conhecimento explicito e a cognição implícita. Em que códigos são recebidos pelos sentidos e decifrados pelo cérebro. Da mesma forma que são emitidos. Mesmo com os infinitos desvios de decodificação. Trocas ocorridas em um processo de socialização do cotidiano.

O compartilhamento da experiência existencial individual ocorre na mesma sociedade da representação social dos mitos. Os seres humanos se interligam através de rupturas. Diferenças e semelhanças que nos fazem iguais. Os efeitos sociais da construção, compartilhamento e consumo do saber coletivo nas plataformas das redes sociais virtuais possibilita um novo leque de transformações nos relacionamentos mediados.

A expansão do sujeito a partir das tecnologias de interação se torna realidade. O encontro social virtual se torna tão usual quanto o encontro presencial face-a-face. Os grandes portais e mídias de relacionamento como Facebook e Twitter se tornam commodities. Ações a serem comercializadas na bolsa de valores. E mais do que isso, espaços de interação a serem preenchidos no ciberespaço. A internet invade os lares ao mesmo tempo em que os internautas tomam conta do espaço virtualizado. E tudo ocorre ao mesmo tempo.

J.P.D.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Prometeus


Ainda estamos muito longe do desenvolvimento tecnológico sustentável; da inclusão digital total; da apropriação coletiva completa do saber social; do acesso ao conhecimento pleno compartilhado; da onipresença midiática e ubíqua das massas; e da imortalidade do corpo físico. Contudo, acredite, estamos a caminho neste sentido.

No XII Seminário Internacional de Comunicação, ocorrido na PUCRS, no qual, além da apresentação 'master' dos cientistas consagrados, também tive o privilégio de apresentar os primeiros frutos de meu trabalho como pesquisador, cheguei ao reforço de algumas hipóteses pessoais em relação ao futuro próximo e conseguinte. Vejamos o que vos diz o Prometeus.

Há um desequilíbrio da vida coletiva a partir da tecnologia. Com os vídeos e imagens digitalizadas, o mundo se torna objeto a ser compartilhado. O mundo de cada um. E o mundo de todos. Na ironia do social vivemos o efeito perverso da interação nas mídias sociais. Em que procede a reinvenção do moderno. Onde o sujeito habita o mundo do espetáculo. A massa se transforma em público; e o público, em autores protagonistas.

A internet ainda é uma organização tribal e totalmente descentralizada. As hierarquias são mínimas. E a recriação do ser é constante e virtualizada. Comunicar no ciberespaço nos oportuniza um vínculo maior à sociedade. Entretanto, ainda vivemos sob o controle da informação. Os emissores produtores ainda são minoria diante da expressão massiva de receptores e compartilhadores.

O reino das ideias se materializa na biosfera digitalizada. Os homens deixam de ser meros animais racionais para se tornarem associações biogenéticas às máquinas. O saber comum e o conhecimento popular convergem à inteligência coletiva. Enquanto as redes se tornam palco do exercício popular da democracia. Onde os direitos humanos são clamados pelos movimentos sociais a partir de ações ciberativistas.

Todos temos um pouco de Hacker, Nerd, Trol e Geek. Estamos nos viciando na interação mediada pela tecnologia. Onde o ordinário se torna extraordinário. E a intimidade, espetáculo. Diante da transparência do mundo multimídia, construímos uma comunhão tecnológica. Enquanto o real se confunde com o virtual. Vestimos nossos avatares e vivemos a Matrix dos dias pós-modernos.

As grandes plataformas de comunicação se tornam os deuses e oráculos da mitologia cibernética. O anonimato ganha valor de grandeza em ações sociais, frente a exposição e visibilidade. Celebrities e Anonymous compartilham o mesmo espaço. Iniciamos então uma nova fase de orgia midiatizada. Inaugurando a era da tecnocracia e do pós-humanismo. E este é apenas o começo.

J.P.D.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Evolução na Comunicação


O cérebro humano acumula um número excessivo de funções. Uma delas é a decodificação dos sinais que recebemos. Por sua vez, a linguagem como a conhecemos pode ser resumida como um código de sinais. Seja ela verbal, imagética ou sonora. Desta forma, podemos dizer que precisamos desenvolver tanto o cérebro quanto a linguagem, a fim de que possamos aproximar o entendimento comum entre significante e significado. Neste sentido, estaremos mais próximos de um acesso limpo (imune aos ruídos e livre de erros de decodificação) à informação. Este é um caminho natural a ser percorrido nos próximos tempos.

J.P.D.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Biotecnológicos


Com o desenvolvimento tecnológico, aliado ao desenvolvimento genético, percebemos estar a caminho da transformação e recriação da espécie humana. O surgimento do pós-humano é uma tendência a ser considerada. Existem grandes possibilidades de que os aparatos eletrônicos deixem de ser meras próteses mecânicas. E de que as extensões dos sentidos humanos possam ser incorporadas pelo próprio corpo físico. O seres biomecânicos, fruto da mutação genética conectada aos implantes tecnológicos (aliada exoesqueleto mecânico), estão sendo construídos aos poucos, desde já. Cada avanço genético e tecnológico contribui para que os ciborgues sejam o futuro da espécie. O futuro há de comprovar esta tendência profética da biotecnologia.

J.P.D.