sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Crítica à Razão Tecnológica II


O homem passa a ser percebido como máquina. Navega da esfera do ser ao exercício funcional. Funcionar passa a ser a consequência da maquinação. Cada vez mais funcional e calculista, o homem sufoca o ser criador para se tornar um ser explorador e apropriador do existente.

O fato é que ambos os seres convivem no homem. A criação poiética e a exploração maquinística funcional da armação coexistem em um momento de transição.

O homem passa a ser percebido como máquina. Navega da esfera do ser ao exercício funcional. Funcionar passa a ser a consequência da maquinação. Cada vez mais funcionais e calculistas o homem sufoca o ser criador para se tornar um ser explorador e apropriador do existente.

O fato é que ambos os seres convivem no homem. A criação poiética e a exploração maquinística funcional da armação coexistem em um momento de transição.

O mundo se converte em imagem, e como um ente se torna fruto de apropriação do ser maquinístico. Somente quando dotado da capacidade de criação e recriação, o homem como mundo, e o próprio mundo, como coletivo de homens, são capazes de sobreviver a armação funcional.

Cada um tem um papel na sociedade. E a sociedade, cada vez mais condicionada pela máquina e pela técnica se torna funcional. O estruturalismo nos revela que cada coisa tem o seu lugar. Ainda mais em uma sociedade em que os entes se encaixam entre si como engrenagens.

De algum modo, diante da percepção humana, alguns fatores essenciais  armação se encontram camuflados èm um mundo cada vez mais cético. ‘Onde é preciso ver para crer’.

O homem deixa de se basear nos deuses e começa a se entender como máquina. O mundo surge como um grande conjunto de engrenagens. Funcionando, ora perfeitamente, ora caoticamente. E entre a ordem e o caos os homens se apropriam de tudo o quanto é compartilhado no mundo.

Heidegger define o homem como ente. Pois o homem, assim como mundo em que vive, é um conjunto de entes. Cada ser apropriado. Cada personificação. Enfim, tudo o quando é possuído pelo homem a partir do ser compõem o homem como um universo coletivo.

Os entes a comporem o homem, são como engrenagens em uma grande máquina. Tomando como exemplo podemos definir um homem como calmo ou agitado. Se é calmo, não é agitado. Se é agitado, não é calmo. Ora se o ser agitado é um ente e o ser calmo é outro, o homem que consegue ser calmo e agitado em momentos distintos, é possuidor de dois entes opostos. Sendo assim um coletivo. Parece complicado, mas da mesma forma que maçã e banana são frutas, maçã é maçã e banana é banana.

O fato é que a grande maioria dos homens não se detém mais a pensar sobre estes e outros temas. E é mais cômodo concordar com Heidegger do que concordar comigo.

O certo é que vivemos em um mundo estruturado pela palavra. No mundo maquinístico e funcional há quem diga que ‘as coisas não podem ser mais coisas’, da mesma forma que o homem tem de ser compreendido como um mundo, ao invés de continuar sendo reduzido a um ente, como propõem Heidegger.

No subjetivismo, o que é bom é bom. O que é mau e mau. Mas sendo o bom diferente e oposto ao mau, o homem como mundo (conjunto de entes) é dotado do bem e do mal. Mas não pode ser um ‘bom mau’, nem um ‘mau bom’. Da mesma forma que água é água, pau é pau e pedra é pedra.

Mesmo assim, precisamos entender e respeitar Heidegger. Podemos sim, erradamente (esta é uma posição pessoal), conceber o homem como um mero ente. Da mesma forma que o mundo pode (hipoteticamente) ser reduzido a tal, sempre que o definirmos por uma única palavra.

Em uma crítica à razão tecnológica precisamos entender este processo onde a poiésis da criação e da reflexão existencial do ser, deu lugar à maquinação, ao mundo tecnológico funcional, aos seres exploradores do mundo reduzido
à imagem e a armação maquinística.

Remetendo à Pitágoras, o qual nos explanava ser o homem a medida de todas as coisas, lembramos agora ter outros referenciais. Se a mitologia nos traz os deuses como parâmetro de comparação e perfeição, hoje as máquinas e a tecnologia vêm ocupando este lugar.

O mundo determinado pela tecnologia suspira os ares da criação poiética. Homem imerso no calculismo reclama a ressurreição do subjetivismo imerso em seu interior.

A modernidade cria o novo sistema. O homem é condicionado por este sistema. A técnica dá o poder ao homem. Cada um encontra o seu lugar. Enquanto isso, em sentido contrário, a humanidade respirando ares tecnológicos, em seu subconsciente, clama uma chance de resgate dos valores poiéticos do ser criador e da retomada de uma reflexão existencialista. O ontem e o amanhã se encontram no hoje.

J.P.D.

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