quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Votos em branco




Eu havia diagramado um tablóide de 12 páginas sobre a erradicação da Dengue. Com instruções de prevenção em quadrinbos.  Quando recebi o convite do Ativista que conheci quando me internei em uma Fazenda Terapêutica aos 19/20 anos, na virada do milênio. Chamada Projeto Vida e Saúde. 

Quando diagramei o jornal, e fui convidado ao pleito, eu estava vendendo guarda-chuvas na esquina Democrática. Embora estivesse sido escanteado do mundo acadêmico, ainda estava, na época, há cinco anos limpo da cocaína. O excesso de nãos recebidos nos processos de doutorado e nos postos de trabalho haviam me forçado a virar mascate ambulante. Também vendia antenas, pilhas e colas bonder, no Trensurb. Pen drives e mouses nas calçadas.

O Fundador e Presidente Nacional do Partido Ecológico na época, Elias Vidal, ex-vereador e Pastor Adventista, perguntou para mim: "O que você gostaria de fazer se fosse eleito?" - Respondi: "O que mais quero é continuar sendo Juliano Paz Dornelles" - Os outros pré-candidatos do PEN 51 riram na ocasião. Após aquela eleição, o PEN 51 acabou.

Eu disse para os vereadores acrescentarem uma cadeira na Câmara. Talvez esperem quatro anos, conforme disseram para mim: "Daqui a quatro anos a gente conversa". 

É verdade que pleitei para zoar. Na própria página que criei na época assumi que não tinha chance nenhuma. Estava participando, como estudo etnográfico, para fazer um projeto de pesquisa a um possível doutorado: "Eleições nas mídias sociais".

Há quatro anos, desde que votei em sigo, sigo da política. Para prefeito, votei em branco. Para governador, branco. Para deputado, branco. Para senador, branco. Para presidente, branco. Dia 15, como sempre, branco será o mais votado na soma das urnas nacionais.

No mais, encomendei o excedente, na encruza com farofa.

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