quarta-feira, 11 de maio de 2011

Eu me amo


Entre janeiro e março de 2010 estava estudando inglês na Inglaterra. Num fim de semana peguei um avião e fui à Itália conhecer Roma e o Vaticano. Durante uma jornada, entre o Vaticano e o hotel em que eu me hospedava em Roma, ouvi quatro vezes uma voz interior me dizendo: “Eu me amo”.

Em Roma eu estava hospedado em um hotel entre o Coliseu e a Igreja Santa Maria Maggiore. A maior igreja dedicada à virgem Maria em Roma. Situada perto do terminal central do metrô de Roma, onde as únicas duas linhas, norte-sul e Leste-Oeste, se cruzam. 

Na manhã do domingo em que eu estava por lá fui cedo ao Vaticano, mas não aguentei esperar até a hora da missa do papa. Passeei pela Basílica de São Pedro, fiz uma oração no túmulo de João Paulo II e resolvi voltar para Roma. No caminho algo me aconteceu.

No metrô entre o Vaticano e a Piazza del Popolo, perguntei para mim como iniciar um caminho de comunhão com Deus. Logo veio em minha mente a imagem de um Judeu idoso que me disse: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. Então ouvi pela primeira vez uma voz interior que disse de dentro de mim: “Eu me amo, pois é Deus conosco”

Desci no destino, observei as pessoas, monumentos e construções. Tudo era novidade. Mas mais uma vez, em pensamento, me perguntei: “Como devo proceder?” Então lembrei de uma missa de um amigo meu que é padre da ordem dos Freis Carmelitas, e de que o mesmo lembrava uma passagem bíblica que dizia: “Amar ao próximo como a si mesmo”. E pela segunda vez ouvi aquela voz interna dizendo: “Eu me amo como meu próximo mais próximo”.

Segui a caminho da Fontana di Trevi, onde joguei uma moeda e fiz um pedido. Mas na hora de fazer o pedido mais uma vez meu coração perguntou ao meu pensamento: “O que preciso fazer?” Neste momento me lembrei de conhecidos espíritas que sempre me falam da caridade. Também me lembrei da passagem bíblica I Coríntios XIII, que fala que mesmo ‘se falássemos a língua dos anjos e dos homens, sem amor nada seríamos’ Também lembrei que em algumas versões da bíblia, neste trecho, a palavra amor vem traduzida como caridade. Então ouvi pela terceira vez a voz interior dizendo: “Eu sou o que sou e Eu me amo como sou”.

Logo depois fui para o Coliseu, e Fórum romano, onde me perguntei mais uma vez instintivamente: “Quem me ama se não o Deus que eu amo”. Lembrei-me então de crentes que encontrava em Porto Alegre, que sempre me diziam “Jesus te ama”. E logo a voz interior, que vinha do meu coração, me disse mais uma vez: “Eu me amo como semelhante e filho de Deus”.

Depois disso voltei à Inglaterra onde terminei meus estudos em inglês. Mas sempre, até hoje, me olho no espelho, em meus olhos, e a voz ainda me diz: “Eu me amo”.


(Um conto de)
Juliano Dornelles

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