segunda-feira, 2 de junho de 2014

Transformações Sociais


Nesta segunda-feira, dois de junho, resolvi materializar uma aparição formal no Seminário Internacional de Educação na UFRGS. Assim como fazem os deuses e os mitos, contudo, longe de ser um mito, na identidade de simples mestrando em comunicação, me apresentei no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atendendo ao convite do professor Juremir Machado, para assistir a palestra de Michel Maffesoli.

Maffesoli, filósofo e intelectual francês, abordou alguns temas importantes, no contexto do conhecimento coletivo e da juventude, nesta segunda década do séc. XXI.  Conforme ele, passamos de um modelo vertical a um modelo horizontal. Em que a participação de todos é mais importante que a hierarquia. (Me permito extrapolar algumas colocações, durante o texto).

De algum modo, precisamos ajustar o que está vivo e acontecendo, ao que já está estabelecido. O que realmente dá alma ao mundo. Porém, o fim do mundo não é o fim do mundo. Mas sim uma recriação cíclica, como uma espiral, onde alguns momentos do passado são retomados em novas versões. O paradigma é uma matriz que constitui a modernidade. A pré-modernidade e a pós-modernidade coexistentes.

Há uma prevalência do cognitivo. Uma comunhão entre razão e emoção; Corpo e espírito; Natureza e cultura; Um racionalismo; Uma sistematização filosófica da razão; Uma conexão entre momentos clássicos e barrocos. O passado e o futuro se encontrando no presente. Momentos pelos quais a época se recria.

O estruturalismo além do pecado. A lógica e a busca da perfeição. Uma refrigeração do mundo que necessita salvar aquilo que é o seu calor verdadeiro. O sangue quente. O lado animal do homem. O impulsivo sendo tomado pelo racional e lógico. Reduzindo os seres humanos a meros produtores e reprodutores.

O trabalho e a criação retomam o processo alquímico da materialização do imaginário. O Homo Eróticos emerge, racional e emocional, no plano das interações virtuais. Existem mutações na identidade do indivíduo. Mudanças na maneira de agir no mundo. E, consequentemente, transformações sociais. Onde é colocado um acento sobre a ética da existência.

A ética é o cimento a partir das emoções comuns. O pós-moderno se instala ao mesmo tempo em que há uma retomada do barroco. Dimensiona-se a importância da roupa, do culto ao corpo, da dietética e, sobretudo, da vaidade. Passamos do contrato de Russeu ao pacto. Além da lógica dialética. A teia da estética.

Se o indivíduo é indivisível, as pessoas são plurais. Há uma aproximação dos semelhantes. O cultivo dos espaços de pluralidade. Navegando no espaço virtual, desbravamos novos mundos. Em uma sinergia entre o arcaico e o tecnológico. Onde a tecnologia é uma figura emblemática. Dionisíaca.

Há uma cristalização Davinciana. Onde comunga o materialismo espiritual corpóreo e místico. A inteligência é provida de uma lógica conjuntiva. Em que estão presentes a cultura, o humanismo e as redes coletivas. A razão, as emoções e as paixões.

Este foram alguns temas e tópicos abordados por Maffesoli na palestra do Semináro. Aproveitei  a oportunidade e fiz algumas anotações; Embora soltas e desconexas. No fim da palestra, foi aberto espaço a três perguntas. Requisitei o microfone e coloquei  a questão:

“Se o homem é um indivíduo, dotado de identidade e subjetividade, imerso em um mundo heterogêneo e plural, comungando com este mundo em um processo de retroalimentação e apropriação, deixaria ele de assumir uma identidade, uma vez em que comunga vários mundos ao se tornar um universo; Comungando o outro e o mesmo; O igual, o diferente e o semelhante em um só ser complexo?”

Mafessoli colocou novamente que o indivíduo é indivisível, mas que a pessoa é provida de inúmeros personagens. Vim pra casa, refletindo durante o caminho, e me perguntado: “Quando nos permitimos comungar os semelhantes e os opostos, estaríamos nos desprovendo da possibilidade de assumir identidades? De outro lado, assumir uma identidade seria como limitar-se?"

Sendo o homem, um ser complexo, dotado de forças e fraquezas, do bem e do mal, de erros e acertos, assumir-se, uma coisa ou outra, poderia ser um erro? Será que Descartes estava certo? ‘Penso, logo existo’? Ou, como seres complexos e plurais, unificados em unidade, poderíamos dizer: 'Pensamos, logo existimos'?”

J.P.D.

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