Virtualizados

CHEGANDO AO FUTURO .'.

Chegando ao futuro percebo a preocupação dos entes da era tecnológica em relação ao capital virtual. O capital emergente na era da cibercultura e do ciberespaço. As informações, conteúdos, conversações, produções, registos, vivências e memórias, compartilhados em rede. 

As empresas reguladoras do ciberespaço, acumulam influência nos interesses dos usuários da rede. Detendo controle daquilo que é postado na internet. Afetando o equilíbrio emocional dos espíritos, através da dependência midiática. desestabilizando emocionalmente quem tem o acesso, aos respectivos conteúdos, restrito. 

Mais de um século do surgimento da internet, os grandes servidores e provedores, reconhecem o poder acumulado. Tendo armazenado os registros, histórias e memórias, de povos inteiros. Restringindo e permitindo o acesso de quem for autorizado. Pelo custo que impõem. Fazendo da informação, do conhecimento compartilhado e da acessibilidade, os bens mais preciosos no Mundo Tecnológico.

NO TERREIRO VIRTUAL .'.

Um dia desses, ao acordar, como de costume, Joazinho tentou acessar, pelo celular, o aplicativo de mensagens instantâneas. A rede mostrava uma mensagem: "Servidor em Manutenção". Com uma hora de irritabilidade, Joazinho teve uma crise de abstinência, natural em dependentes químicos. Se irritou, gritou, chorou, discutiu e quebrou coisas em casa. Respirando, plenamente, a dependência tecnológica.

Na hora do café, Joazinho tentou acessar seu álbum 'Fotos de família', em uma rede social. Os registros de décadas haviam sumido. Salvo aquele em que Joazinho fez backup. Os registros restantes desapareceram na rede. 

Joazinho, desesperado, orou a Deus. Seu espírito caminhou até o 'Terreiro virtual', reivindicando, telepaticamente, aos servidores, o direito de acesso às suas memórias. Chegando ao ambiente virtual, foi-lhe dito que Joazinho fora virtualizado. E que seu espírito fora absorvido pela 'Matrix'.

Pra salvar-se da escravidão espiritual tecnológica, travestida de dependência midiática, a Joazinho, restou libertar-se de suas memórias virtuais.   

J.P.D.