Do Sólido ao Líquido

A convergência midiática, tecnológica e de comportamento, envolve mais do que simples mudanças nos padrões de produção de mídia e interação entre públicos. Retomando Zygmount Bauman e Henri Jenkins, é interessante lembrar a transição da Sociedade Sólida para a Sociedade Líquida.  Estamos caminhando para tempos de produção cooperativa e inversão dos determinantes do espaço e do tempo.

Bauman coloca que antes, na batalha entre o tempo e o espaço, o tempo era visto como o lado ativo e dinâmico. Enquanto o espaço era limitado ao geográfico. Às fronteiras territoriais. Sendo assim o lado sólido. Hoje em dia os papéis se inverteram. Com o advento do Ciberespaço e do Mundo Virtual é possível estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. O que antes era quase impossível. Mas estas mudanças não são pós-modernas. Jenkins lembra que as mudanças nos padrões de interação iniciaram muito antes. Com o telégrafo, o rádio, a televisão e o telefone. 

Nos tempos atuais a multimídia mistura diferentes formatos de conteúdo. E os consumidores também contribuem com a construção das informações. Os consumidores tem mais voz do que antigamente. Através de blogs e comunidades virtuais criticam e comentam a performance de produtos, produção artística, cultural e outros tipos de serviços que consomem. Tornando-se, muitas vezes, formadores de opinião. 

Os vídeos do YouTube são um exemplo disto. Neste espaço os internautas deixam o seu recado e 'dão a letra'. Ao contrário dos telespectadores passivos dos canais da TV aberta. Eles interagem e produzem conteúdo.  Agindo assim como editores e selecionadores de fatos a serem transmitidos, fazendo  o que na comunicação chama-se de Gatekeeping. De outro lado também atuam na Agenda Setting, sugerindo pautas a serem veiculadas e discutidas pelas sociedades nos distintos canais. E isto tudo indica que o público deixou de ser passivo para interagir. Enquanto a sociedade vem a deixar de ser sólida para tornar-se líquida.

Juliano Dornelles