Vivemos num mundo em que a realidade
convive com a fantasia. Ficção e verdade estão em estórias e histórias. Na Roma
e na Grécia antiga os homens cultuavam seres dotados de poderes extra-humanos.
Zeus, Hércules, Afrodite, Atena e muitos outros. Na atualidade e no Brasil,
lendas e mitos são cultuados pela tradição. Contudo precisamos diferenciar e
delimitar as fronteiras entre a realidade e o imaginário.
Os nomes dos orixás das religiões afro-brasileiras,
assim como os santos católicos não passam de graus e denominações atribuídas a
pessoas comuns que viveram um dia neste planeta. Meras pessoas. Somadas ao um
grau de conhecimento inserido ao rótulo respectivo e nome. Contudo devemos
saber que mito é mito, e que nós somos pessoas normais enquanto vivemos. Até
porque os Mártires só viraram mártires depois de partirem da vida para a
eternidade. Podemos então incorporar mitos já existentes ou sermos autênticos e
únicos. Eu mesmo, em dois de meus livros criei duas figuras opostas. Uma é o
Guerreiro justo que vive dentro de cada homem e precisa ser desenvolvido. O
outro é o Nego Branco, que chamei de novo velho, uma comunhão entre o o que
chamam Preto no Candomblé, o Caboclo da umbanda e o Pajé dos Guaranis, que
uniram-se para tornar-se um e fazer tudo que os três faziam separadamente.
Contudo, cada um é livre para acreditar no que quiser. E seguir o
referencial que escolher.
Sabemos pelos trabalhos da terra, por
exemplo que atribuiu-se às entidades denominadas pretos a conexão do
'tudo' com o 'errado' ou com o 'certo'. Na possibilidade de mudar
aquilo que não aceitamos ou concordamos. Ou simplesmente enganar os que
acreditarem que isso seria possível. A estes indívíduos, vivos ou
desencarnados, que se atribuem tal denominação foram inseridas características.
Como bebidas e comidas específicas, formas de falar e andar e outros costumes.
Contudo poucos fazem distinção entre o mito e a verdade. E muitos ainda são
enganados pela fraude de falsos mitos.
Outro exemplo de trabalho espiritual da
terra feito no Brasil há centenas de anos foi a denominação da entidade de qual
o nome é formado pelas letras E, X e U. A esta entidade, seja vivo ou
desencarnado, foi atribuída uma sentença. Formada pela primeira pessoa do
singular 'EU' juntamente com o verbo ser no presente do indicativo 'SOU'.
Contudo uma coisa seria rotular todos que falassem a frase 'EU SOU' como sendo
tal entidade. De outro lado está a ficção de intitular-se tal coisa ou se auto
atribuir denominações mitológicas lendárias.
O que quero dizer é que há uma
fronteira entre o real e o imaginário. Sob o meu ponto de vista, pessoas
que se autodenominam heróis da mitologia ou dos quadrinhos são
personalidades que precisam de crescimento. E que para isso precisariam desvincular-se
de tais atribuições para que evoluírem como 'pessoas'. Pois ao criarem
personagens e tentar vivê-los, acabam fugindo da realidade. Alguns pensam que
com isto pudessem levar vantagens ou ter facilidade na subida dos degraus da
evolução. Não quero dizer que o Preto, o Caboclo e o Pajé nunca existiram. Mas
que sim são mitos do imaginário que vivem até hoje. São lendas da fantasia. O
lamentável é quando confunde-se fantasia com realidade.
Contudo em alguns casos o convívio com
o 'amigo invisível', personagem fictício e imaginário acaba por vezes
estimulando a auto estima daqueles que lhes confiam sua jornada de evolução. É
certo que Tupãn, Sepé e e Zumbi dos Palmares existiram de fato. E que algumas
pessoas sentem sua presença. Outra coisa é intitular-se o Negrinho do
pastoreio, o Homem aranha, Batman, o Vampiro ou Lobisomem.
É possível que no futuro possa haver
imagens do papai Noel nas igrejas. Talvez até mesmo do coelhinho da páscoa. As
Wiccas, por exemplo, cultuam gnomos e fadas. Agora, se no futuro acenderão
velas e farão oferendas para os Thundercats e os Power Rangers, ainda não
sabemos. Resta a nós a opção de incorporar este imaginário que vem dos mitos,
lendas e da tradição. De outro lado podemos criar nossos próprios personagens.
E fazer deles o que bem entendermos. Assim como Mario de Andrade transformou
Macunaíma na Ursa maior. Podemos transformar nosso mesmo e nosso outro,
independente do nome a atribuição que dermos a eles, naquilo que desejarmos
conforme as possibilidades.
Não precisamos enterrar mitos e deuses
para crescer mais e melhor. Mas acredito ser mais inteligente se nos assumirmos
como 'pessoas'. E como pessoas possam crescer como filhos, pais, irmãos,
profissionais, alunos, professores e, sobretudo cidadãos do mundo. Com a
ciência de que mesmo os mitos e lendas sendo fantasia e ficção, nós somos
verdade.
J.P.D.
A diferença entre criador e criatura já está no significado da palavra. Apesar de o segundo ser feito a imagem e semelhança do primeiro.
ResponderExcluirE para todo plágio há um royalty
O segredo guardado a sete chaves é a alma do negócio
Muito legal, interessante e criativo teu blog. Também dinâmico... Gostei até da atualização do tempo. Além de todos os posts, o que gostei de ver foi o "Midia coaching" e a criação de videos. Abç e Parabéns; Márcia S Pereira
ResponderExcluirApesar de expor meu ponto de vista crítico, e até mesmo digno de contestações, respeito opiniões distintas a minha. É a diversidade de opiniões que faz o mundo heterogêneo.
ResponderExcluirAté porque esta é uma visão pessoal do dia em que o texto foi escrito... Hoje uma nova visão tomou lugar da antiga. Porém deixo registrado este ponto de vista... pois é um registro de um momento que me trouxe até o momento atual... em que os conceitos foram reformulados.
ResponderExcluir