sábado, 10 de setembro de 2011

Muito além do 11 de setembro



Nos últimos dias os meios de comunicação tem dado uma ênfase aos 10 anos do atentado de 11 de setembro de 2001 às torres gêmeas do World Trade Center. São citados a xenofobia, lembrados os mortos daquele dia, a caçada ao Talibã e a Osama Bin Laden. A segurança aos aeroportos e muitos outros fatores que estão de certo modo relacionados a este evento que marcou de vez uma data a ser lembrada em todo o mundo. Posso bater nestas mesmas teclas mas acho que devemos focar no que realmente importa.

É certo que a segurança nos aeroportos merecem nossa atenção. Que o fanatismo religioso é um inimigo da paz e da boa convivência entre os povos. Mas é preciso lembrar-se de problemas mais comuns que podemos solucionar aqui e agora. Lembro-me do dia do atentado. Vi ao vivo o ataque pela televisão. Mas pergunto a você se você lembra-se de algo mais que foi noticiado naquele dia, que até hoje seja importante para todos nós. Acredito que você lembre apenas do atentado. É aceitável que seja assim pela importância do fato. Sempre foi assim, e  há uma grande tendência de continuar sendo.

Na época das grandes guerras só se falava nelas. Em tempos de copa do mundo, os cadernos de esporte só falam em futebol. No carnaval o Brasil esquece de outras coisas que motivam o nosso dia-a-dia. Tudo bem. Quando um fato é importante e tem tudo para virar notícia, deverá de fato virar manchete. Mas não esqueçam que existem problemas no nosso quintal. A fome, as guerras civis geradas pelo tráfico, o desemprego global, a prostituição e disseminação de doenças venéreas, a corrupção e outras tantas prioridades que não deixam de ter importância. 

É preciso sim, lembrar e refletir sobre tudo isso. O terrorismo deve ter um fim. As religiões devem buscar a união e gerar a paz. Mas não é só isso. Sei que neste fim de semana muitos americanos esquecerão por horas de outros problemas que também são de suma importância. E ainda acho que seria mais útil se todos focássemos no que realmente interessa. A paz não se constrói apenas com uma luta contra o terrorismo. A paz começa a ser conquistada bem antes. Com oportunidades igualitárias a todos os povos. Acesso a informação, educação, saúde e liberdade de escolha. A democracia só é justa quando todos temos direitos iguais de partir de um mesmo ponto de oportunidades. Enquanto vivermos no mundo das diferenças, tenho certeza de que infelizmente outras datas como esta entrarão para o calendário. 

A cultura já está a caminho da globalização. Religião, música, crenças, posições políticas, línguas e linguagem. Mas é preciso globalizar as oportunidades. Se de fato queremos evitar novos 11 de setembro. Ao invés de investir em contra ataques como defesa, precisamos investir na união dos povos pelo bem comum. As culturas devem ser respeitadas. Mas os problemas só serão resolvidos quando acabarmos com a desigualdade. Deus é o mesmo para todos. Vivemos no mesmo planeta. Sofremos das mesmas enfermidades. Temos os mesmos sentimentos. Sorrimos, choramos, temos fome, temos sede... É inteligente que somemos forças em ações de mutualismo e protocooperação. Chega de divisões, de disputas, de intrigas e caçadas sem fim. Violência e retaliação geram mais violência e retaliação. 

A Torre de Babel jamais atingirá o céu enquanto falarmos línguas distintas. Pouco adianta construir arranha-céus para formalizar o poder, ainda mais quando apoiados em dívidas históricas e infinitas. Devemos lembrar que o céu é aqui. Se quisermos encontrar a cura da AIDS, acabar com os regimes autoritários ditatorias, acabar com o fundamentalismo religioso, com as mortes prematuras, os roubos, os assassinatos, os suicídios e outros males comuns a todos os povos, deveram sentar, todos juntos, em volta de uma grande mesa para tratarmos da união e da luta conjunta pelo que é de interesse de todos.


Sei que uma voz na multidão ainda é pouco. Sei que neste dia, muitos irão preferir lembrar-se do que aconteceu naquele 11 de setembro. Mas se olhar para o passado nos fazer aprender sobre o presente, olhemos para os problemas do presente para que possamos construir um novo futuro. Algo além do capitalismo de competição, no entanto algo distinto do comunismo ou socialismo utópico. Uma democracia participativa e descentralizada. Com a soma de soluções locais para solucionar problemas globais construiremos o amanhã que sonhamos. E certamente trocaremos os minutos de silêncio, em lembrança de desastres, por datas de comemoração de conquistas e da construção de um mundo melhor.

Juliano Dornelles

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