quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A verdadeira antropologia


Perguntei a um Antropólogo, Mestre em Filosofia e Doutor em Sociologia, qual o melhor método pra fazer um estudo sobre sites de relacionamento: 'Estudo de campo, estudo de caso, análise de conteúdo, netnografia ou observação participativa?'

A resposta foi a seguinte: 'O melhor e mais completo estudo será aquele em que, além de utilizar uma, ou um conjunto, destas técnicas, o pesquisador se propor a interagir com, e conhecer pessoalmente, as internautas participantes do site. Agindo como um nativo do ambiente'.

Isso me lembra uma vez em que cursei dois semestre de Ciências Sociais na Universidade Federal. Na disciplina de Antropologia Social, fizemos uma comparação entre dois estudos sobre a mesma tribo indígena.

Na primeira pesquisa o antropólogo ‘viveu com os índios’ durante seis meses, observou e catalogou o que viu. Na segunda pesquisa o antropólogo ‘viveu a vida do índio’. Andou pelado nas matas, caçou nas madrugadas, tomou chás alucinógenos, fumou cachimbo da paz e copulou com as índias.

Apesar da primeira pesquisa mostrar-se mais obediente à técnica e ao método, a segunda pesquisa, abusivamente informal, se mostrou intensamente mais verdadeira e legítima. Ou seja, agir de acordo com o objeto de estudo é o que consideramos a real antropologia.

Neste contexto, emerge uma posição que defendo há tempos. A de que a compreensão e domínio sobre o estudo de blogs, vlogs, flogs e outros canais multimídia, se tornam mais completos quando, além de observar, entender e dissertar sobre o tema, o pesquisador soma, à pesquisa, o experimento prático de construção do conteúdo narrativo-interativo.

Deste modo se legitimam os verdadeiros especialistas e os melhores professores. A vivência prática ao longo dos anos, ou décadas, enriquece a experiência ensino-aprendizagem.

J.P.D.

Um comentário:

  1. Em relação à experiência pessoal, comparando um estudo que fiz na graduação com a sequência da participação na plataforma estudada, é importante relatar que fazer uma pesquisa sobre webchats, por exemplo, baseando-se em uma amostragem de seis meses, é algo extremamente superficial se comparado à experiência pessoal de interação em salas de bate-papo perpetuada por mais de quinze anos. Principalmente se considerarmos a evolução das plataformas, da linguagem, do público e do processo interativo.

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