domingo, 27 de janeiro de 2013

O sonho de um cronista ( passado a limpo )


Era mais ou menos uma e quarenta da madrugada e comecei a escrever este texto. Com caneta esferográfica tinta azul. No verso de um xérox  Deitado de bruços em minha cama. E me perguntei. 'Por que estou fazendo isto ?' Isto é o que chamo de 'sonho de um cronista'.

O sonho do cronista se torna realidade quando seu texto ganha vida. Suas idéias chegam ao leitor. E de algum modo despertam novos sentimentos. Revirando e organizando o pensamento. Germinando novas ideias. Ou relembrando antigos episódios. 

Então você poderia me perguntar quanto ganho com isso. Certamente lhe direi que faço por amor. E enquanto puder escrever o que quero, e do meu jeito, me sentirei motivado a fazê-lo.  De outra forma teria de ter uma motivação extra. Todo cronista sonha em ter sua própria coluna em grandes jornais. Muitas vezes tem sua produção direcionada a pautas e padrões distintos do seu natural. Obstáculo este que se torna prazeroso de ser transposto quando há uma oportunidade.

Imerso e sua crônica, o cronista entra na casa de seus leitores e espectadores. Revela-lhes o cotidiano com outros olhos. Por outros ângulos. Na situação que me encontro, busco na internet um espaço em que possa fazer estes ensaios. Encarando de forma profissional, apesar de também ser um hobby. Sei que há uma certa resistência da sociedade em ver atividades não remuneradas como trabalho. 

O que dizer daqueles que, como eu (em parte), cozinham, costuram, faxinam, limpam, lavam, passam, pintam e bordam. Simplesmente porque precisam. Ou porque gostam. Todas estas atividades, mesmo quando não remuneradas, ao meu ponto de vista, se enquadram como trabalho. 

O trabalho de um cronista consiste em tentar perceber e retratar o dia-a-dia. Fatos, causos e segredos ocultos. Pontos de vista. Olhares distintos. Caminhos alternativos. E algumas críticas sociais. O sonho de um cronista é encontrar um espaço para que possa comunicar o mundo aquilo que sente e percebe. Como todo trabalhador, luta para ter o seu trabalho reconhecido e recompensado. 

Talvez seja por isso que escrevo estas linhas. Exatamente a uma e quarenta da madrugada. Deitado de bruços em minha cama. Com caneta esferográfica tinta azul. No verso de um xérox. E no fim ainda me pergunto. Será este um sonho; Ou estou acordado ?

J.P.D. 

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