terça-feira, 19 de março de 2013

Eis o homem


Seguidamente me faço a pergunta que um dia fez Nietzsche: 'Como a gente se torna quem a gente é?' Em um processo investigativo, tenho analisado a personalidade de pessoas que se tornaram referência em algum padrão de comportamento. E utilizando o método de Descartes, da desconstrução do complexo em partes simplificadas, descobri o segredo essencial para que legitimemos uma subjetividade. E é mais simples do que imaginamos.

Levando em consideração que somos o fruto de nossas escolhas, experiências, vivências e conhecimentos. Que a identidade de um adulto é composta pelo que chamo de os méritos da infância (a parte boa que ficou na memória) e as experiências da adolescência, somados à consciência da maturidade. Tomemos alguns exemplos.

O homem trabalhador é legitimado pela execução da força de trabalho. O esportista, pela prática da atividade física. O intelectual, pelo estudo e pelo conhecimento. Assim misturamos ingredientes que compõem a nossa identidade. Dio mesmo modo que a simpatia, a educação e a gentileza fazem parte da identidade das pessoas mais queridas. Podemos também desconstruir e recompor as mais distintas subjetividades. Sejam elas singulares, particulares ou universais. 

De outro modo, apesar de todo este processo de reengenharia, continuará sendo impossível construir clones perfeitos. Pois cada um traz consigo informações criptografadas de uma história única. As lembranças e a memória das vivências. Por onde andamos, com quem interagimos, o que fazemos e que tipo de experiências consumimos. 

Do mesmo modo que a identidade de um guerreiro se legitima pela luta constante. A eternidade se conquista pela recriação contínua. A cada desconstrução e reconstrução, é preciso incorporar novos elementos à essência. E assim nos tornamos quem a gente é. Seguimos então a eterna magia da transformação da essência na legitimação cotidiana de nossa real identidade perante a terra e o céu.

J.P.D.

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