quarta-feira, 19 de junho de 2013

Caos e Ordem


Cientistas e pensadores sustentam a ideia de que a ordem surgiu do caos. As infinitas explosões, ou pequenos big-bangs, ocorridas nos diversos centros gravitacionais existentes no universo são responsáveis pela organização astronômica atual. Assim como os astros, as ideologias também se organizam a partir de movimentos explosivos e revolucionários.

Quando falo em revolução, vou um pouco além das rotações e translações astronômicas. Incluo os movimentos cíclicos de expansão e compressão dos astros no cosmos. Movimentos convergentes e divergentes. Da mesma forma que observo os incidentes revolucionários ocorridos nos dias mais recentes.

Os protestos e manifestações, recentemente eclodidos, têm sim causa e sentido. A grande maioria dos jovens envolvidos sabe o que quer. Suas bandeiras estão hasteadas e suas ideologias bem definidas. Porém, em meio a ordem, percebemos também o caos anárquico involuntário causado pelo inexistência de lideranças fortalecidas e de controle coletivo.

É certo que o movimento tem um ideal. E este ideal busca direitos iguais. Enquanto estes direitos, segundo alguns manifestantes, só seriam possíveis na ausência de lideranças hierárquicas e representatividade ideológica partidária. 

Se de um lado há um norte bem definido em que um grupo sabe o que quer e tem ideia sobre aonde estamos indo, de outro lado há uma certa euforia inconsciente. Muito além dos vândalos, e dos que se salvam por saberem o que querem, há também aqueles que se reúnem à massa pra celebrar uma festa como se estivessem em um carnaval.

Neste sentido, contornando o assunto, mas mantendo a pauta, aproveito pra levantar também uma bandeira pessoal. Estive presente nas manifestações de segunda-feira (dezessete de junho) em Porto Alegre, e percebi que muitos jovens, salvo os conscientes, estavam ali pra curtir. Entorpecidos de cachaça e consumindo drogas como maconha e loló, alguns deles pediam em seus cartazes a descriminalização das drogas.

Neste contexto, por ter vivido uma adolescência conturbada pela boêmia exacerbada e prejudicial, e hoje estar vivendo um período mais tranquilo e produtivo, sinto a necessidade de compartilhar uma experiência pessoal onde o trabalho, a educação e o cultivo da saúde mental, psicológica e espiritual vem ganhando mais importância frente a inconsequência do consumo de álcool, tabaco e outras substâncias.

Tenho certeza que muitos jovens ainda adormecidos criticarão esta colocação. Porém, o progresso e o desenvolvimento se tornarão mais facilmente alcançáveis se estivermos sóbrios e conscientes. O consumo de substâncias químicas faz um movimento no sentido contrário da alta performance nas atividades profissionais, educacionais e pró saúde.

Mesmo sabendo que este assunto foge um pouco do tema principal das manifestações pelo fim da corrupção e pelo acesso aos direitos humanos, sociais e políticos, trago esta questão a ser debatida pelo fato de que venho experimentando uma fase de sobriedade construtiva a partir de algumas mudanças de comportamento. 

Tenho certeza de que a descriminalização da cannabis sativa é inevitável. E que tampouco será proibida a venda de bebidas alcóolicas e tabaco a menores de idade. Contudo, peço sobriedade a respeito deste tema. E se alguém ainda tem dúvida em relação ao caráter destrutivo das substâncias químicas, convido a comparecer às milhares de salas de Narcóticos Anônimos espalhadas pelo Brasil pra ouvir, pelo menos uma vez, os depoimentos compartilhados pelos adictos em recuperação. Ou consultarem especialistas na área. O que desejo a mim é o que desejo aos jovens do Brasil: Dias melhores, ordem e progresso.

J.P.D.

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