sábado, 16 de agosto de 2014

Carta de Libertação - Contos de Paz . . .


Pela primeira vez, em séculos, os Caboclos resolveram fazer uma visita ao Grande Pajé, em um sábado de manhã. As reuniões dos Caboclos eram feitas sempre as segundas pela manhã. Pois, no domingo era o dia de trabalho dos Pretos.

Chegando à tribo do Grande Pajé, os caboclos foram reverenciados pelos índios. Chegando ao grande Pajé, sentaram-se em meio a uma clareira na mata e colocaram as questões que lhe atormentavam.

Os caboclos reclamavam que haviam testemunhado uma forma comércio espiritual, por parte de algumas pessoas, de entidades ancestrais, como cavalos ou escravos. Só que tais pessoas, quando induzidas a comercializar a ‘própria vida’ não sabiam que estavam trazendo ao matadouro os ancestrais próximos e distantes.

O comércio funcionava da seguinte forma. Moças e rapazes faziam-se aceitos e assinados como tendo determinadas ‘identidade espirituais’. Como se fossem ‘santos’, ‘anjos’ ou ‘demônios’. Então, em troca de algum benefício, tratavam, de forma irracional, o comércio das respectivas ‘entidades’, com as quais teriam sido reconhecidos.

O fato controverso desta história é que, os verdadeiros ‘santos’, ‘anjos’ e ‘demônios’, estão livres de serem submetidos a este tipo de transação. Mas o que acontecia, era que, ao pensar que estavam comercializando uma ‘identidade’, os jovens estavam comprometendo as respectivas linhagens ancestrais.

Os Caboclos trouxeram, ao Pajé, o pedido, por parte dos jovens, de libertação dos respectivos ancestrais que estariam sendo vítimas de escravidão e trabalho forçado. O Pajé, comovido com a história, disse que o mesmo havia sido tentado fazer com os Pretos. Os quais, recentemente, conquistaram o contrário da escravidão, através da legitimação da liberdade de ir e vir.

Ao passar o Chá de Caah, entre os espíritos presentes, selou-se a libertação das entidades envolvidas. Fazendo-lhes o convite de fazerem-se presentes, sempre que desejarem. “Aqui preservamos nossos ancestrais. Desde os astros do céu às plantas e animais” – Assim Concluiu o Grande Pajé.


J.P.D.

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