segunda-feira, 8 de julho de 2019

Legado aos vivos



A igreja do futuro não terá Deus como elo à comunhão de interesses, pensamentos e energias. Mas a humanidade como ligação a unir o homem em social irmandade. Dizer isto parece desafiador. Certa vez que cresce, cada vez mais, o número de igrejas evangélicas e religiões cristãs no mundo. É verdade que o Mestre Jesus revolucionou estes dois mil anos, homogeneizando tendências de comportamento sustentadas pelo exemplo de vida citado nos evangelhos. Mas não foi só Jesus que revolucionou o mundo com seu modo de pensar diferente.

O certo é que inúmeros outros pensadores, cientistas, artistas, filósofos e intelectuais, influenciaram o mundo atual.  Vivemos num sistema de legados. O que herdamos das civilizações ancestrais? O que deixaremos às gerações futuras? Além da garrafa pet e dos dejetos acumulados nos rios. O altruísmo é a palavra que Auguste Comte criou para definir o Bom Samaritano. Ou, a caridade, conforme o espiritismo.

É inevitável considerar que “os vivos são sempre, e cada vez mais, governados necessariamente pelos mortos”. Não me refiro à influência de fantasmas, demônios ou divindades. Falo sobre a herança que herdamos das ciências, literatura e arte. Com certeza, somos influenciados pelas descobertas de Einstein, pelos estudos de Darwin e Newton, assim como pelas invenções de Da Vinci. O mundo jamais foi o mesmo após Van Gogh, Santos Dumont e os Beatles. Raul Seixas ainda influencia os jovens brasileiros mesmo após a sua morte. 

A moda, o comportamento e as tendências, mudam com o tempo. Somos diretamente influenciados pelas gerações anteriores. Pelo conhecimento acumulado além das grandes civilizações. Já não se pesca como antigamente. Já não se caça como antigamente. O que influencia diretamente no curso vital dos rios e florestas. Com isto, temos que reinventar nossa forma de usufruir os recursos naturais. 

O mundo tecnológico também vem transformando o ecossistema. A ecologia natural está alterada. Empresas nascem e morrem todos os dias. Neste contexto, inovações vêm influenciando a forma como interagimos. Desde a prensa de Gutenberg à impressora 3D, os correios perderam mercado ao e-mail. A rede telefônica, para o Messenger e Whats App. Os taxis, ao Uber. As bibliotecas, ao Google. As locadoras, e cinemas, ao Net Flix. A bússola ao GPS. O Desktop ao Smartphone. As rádios e a televisão aberta ao YouTube. A tecnologia tornou-se descartável e, continuamente, superada. O que garante certo viés de evolução.

Neste sentido, também viemos nos adaptando ao Novo Mundo. Mudamos a forma como adquirimos o conhecimento. As máquinas fazem boa parte dos trabalhos para nós. O que facilita o desenvolvimento de outras atividades. Ganhando tempo e gastando menos energia. Nisto, é necessário pensar no que estamos deixando, como legado, às gerações futuras. Como pessoas, profissionais e espíritos encarnados em desenvolvimento. Nada comprova a vida espiritual após a morte, salvo os relatos da fé. Mas o legado à humanidade certamente existe. 

Conforme a ciência e tecnologia vêm evoluindo no mundo dos terráqueos, nos perguntamos para onde estamos indo como espécie em desenvolvimento ocupando o mesmo barco. A Nave Terra flutua no espaço sideral em rotação e translação contínua. Assim como o pensamento humano. Os modelos e caminhos trilhados por aqueles que habitaram este planeta antes de nós. O que aprendemos com isto? O que deixamos às gerações futuras? 

Juliano Dornelles 
Mestre em Comunicação 

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