quarta-feira, 17 de abril de 2013

O valor de cada um


Mais de cento e vinte anos após a abolição da escravatura no Brasil, pessoas seguem sendo comercializadas em todo o mundo. E não falo apenas daqueles que são submetidos a trabalhos forçados, ou casos de prostituição, como nos casos retratados na novela Salve Jorge. Mas sim, falo de pessoas normais como eu, você e todos nós.

No mundo capitalista, estamos acostumados a ouvir que cada um vale o que produz. Que conhecimento e produtividade são valores que definem nosso valor no mercado de trabalho.  Entretanto, estes conceitos estão distorcidos pleo fato de que há outras coisas envolvidas além de tais parâmetros de medida e comparação. De algum modo, empresas e instituições comercializam o capital social que dispõem, seja como recursos humanos propriamente dito, em forma de mailingnetwork ou staff. Resumindo; Comercializam-se pessoas.

Neste ambiente, costuma-se dizer que quem deseja se valorizar precisa 'vender o seu peixe'. Mostrar trabalho. Confirmar qualidades como pontualidade, assiduidade, frequência, participação em resultados e, sobretudo,  produtividade. Outros itens também são considerados, como a simpatia, educação, respeito pelos colegas, a capacidade de trabalho em equipe e o bom relacionamento interpessoal. Além do conhecimento e das experiências únicas que cada um traz na bagagem.

Desta forma, empresas e instituições de ensino comercializam o que tem disponível. Encaminham e recomendam profissionais. Testemunhando os trabalhadores conforme a vivência que desfrutam nas relações. E apesar deste sistema de avaliação conter alguns erros, as organizações têm uma certa margem de acerto nas recomendações que fazem. De outro lado, os trabalhadores, quando sabem o que podem oferecer, costumam colocar na mesa suas reais intenções, cobrando aquilo que acreditam valer.

O certo é que as pessoas se tornaram uma forma de mercadoria humana. E todos querem ganhar em cima deste comércio. O fato é que muitas vezes há uma sobrevalorização de qualidades específicas, e esquece-se que pessoas são, sobretudo, um conjunto das vivências que experimentaram no caminho. São subjetividades legitimadas pelas próprias atitudes. E carregam em si a lembrança de cada experiência transcrita em estilos e marcas pessoais próprias. O que faz de cada um, um ser único e de valor inestimável. De algum modo, precisamos levar em consideração que, no fundo, pessoas não têm preço. 

J.P.D.

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