sábado, 7 de dezembro de 2013

O Legado de Mandela


Na noite de sexta-feira, após escrever a postagem anterior, confesso que fiquei um tanto incomodado pela opção da pauta. Acabei falando sobre a influência do imaginário sobre o real e vice-versa. Contudo, ao fim dos trabalhos do dia, tomando uma dose de energético e assistindo o telejornal da madrugada deitado em meu sofá, pensei seriamente em minha decisão e me perguntei: 'Por que não escrevi sobre o Mandela?'

As respostas começaram a aparecer. A primeira delas, oriunda do meu orgulho e egocentrismo literário e jornalístico, me fazia defender a ideia de que meu blog é autêntico. E que não deveria deixar a pauta televisiva, os assuntos mais discutidos do dia, pautarem meu espaço virtual. A segunda colocação, a qual fiz a mim mesmo, é de que simplesmente estava a fim de falar sobre o assunto abordado na palestra que assisti na tarde de sexta sobre imagem e imaginário. Mais especificamente sobre a pergunta que fiz aos palestrantes. Pois se não desenvolvesse o assunto no dia em que foi trabalhado talvez deixasse de faze-lo em outro momento.

Então entrei na mesma cilada. A morte de Mandela era o tema mais discutido no mundo nas últimas quarenta e oito horas. E se deixasse de falar sobre o fato enquanto a pauta estava quente, talvez deixasse de fazê-lo em outro momento. Na tarde de hoje lembrei-me de ter escrito algo sobre as mortes de Amy Winehouse e Steve Jobs. Nenhum deles tão importante quanto Mandela ao mundo político e, principalmente, à questão social.

Mas o que falar, se tudo já havia sido dito nos sites, blogs, impressos e telejornais? Como abordar o tema sem 'chover no molhado'? Dizer que Mandela lutou pela inclusão social e política dos negros no regime de dominação da minoria branca na África do Sul; Sofreu vinte e sete anos na prisão; Foi o presidente mais popular de seu país; Ganhou o prêmio Nobel da Paz;  E tornou-se uma das principais lideranças políticas do mundo no último século; Enfim, grifar isso seria fazer tudo aquilo que tento evitar.

Fui obrigado a violar as regras, e sem fugir delas, faço da morte de Mandela um gancho ao invés de torná-la o assunto principal do texto em questão. Alguns pontos relacionados aos interesses do líder merecem maior destaque do que o próprio enterro de um martir. O principal deles é a questão da discriminação racial; Seguido da inclusão política e social; Chegando então à promoção da paz mundial.

Cada um destes temas merece ser sim a pauta do dia. Pois seria isso que Mandela desejaria que os jornais, sites e revistas estampassem em suas capas. Um movimento na direção da construção de um mundo mais humano; Igualitário; Justo; Inclusivo; Pacífico. Livre da xenofobia; da homofobia, da intolerância religiosa ou de qualquer outro tipo de preconceito. Um mundo de respeito e de oportunidades iguais a todos.

De fato, Mandela deixou um legado. Um legado que será trabalhado com unhas e dentes. A luta pela transformação social. Pelo respeito mútuo. Pela paz mundial. E pela construção de uma sociedade mais igualitária. E é nestes ideias que devemos concentrar nossas discussões. A causa de Mandela vive em cada ativista que luta pelos mesmos interesses. E é com cada um de nós, ativistas e ciberativistas pertencentes ao mundo dos vivos, que esta luta merece ser continuada. Neste sentido, iniciemos desde já a construir o mundo melhor que tanto sonhamos. De toda forma: 'Mandela, descanse em paz'.

J.P.D.

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