A maioria das pessoas da minha geração
passou pela experiência de ter jogado jogos eletrônicos como videogames,
fliperamas ou games de computador. Alguns ainda jogam até hoje. O
impressionante é que cada vez estamos mais próximos da realidade virtual. Os
recursos multimídia de comunicação, aliados com a interface dos jogos
eletrônicos nos revelam novas possibilidades.
Na década passada conheci um game
interativo online chamado Second Life. Durante alguns anos este game estava
disponível no Brasil. Era uma espécie de cidade virtual. Vários locais do
mundo, virtualizados. Chamados ilhas. Existiam por exemplo as ilhas London, New
York e Paris, que faziam uma réplica virtual destas cidades. No meu caso
procurava interagir na ilha Porto Alegre.
O jogo era uma versão em terceira pessoa.
Daquelas que manipulamos o personagem inteiro. Neste caso chamávamos
o personagem do jogador de avatar. Através do avatar podíamos comprar e
vender ferramentas virtuais. Conversar com outros jogadores por mensagem de
texto, áudio ou vídeo chamada. Existiam rádios virtuais
para escutar músicas enquanto jogávamos, e baladas como raves onde
poderíamos encontrar outros jogadores em seus respectivos avatares. Conversar,
dançar e curtir um som.
Lembro que na época, uma rádio de Porto
Alegre promovia raves no jogo às sextas à noite. As festas ocorriam num setor
virtualizado que reconstituía o cais do porto de Porto Alegre. A
evolução dos games em rede, juntamente com o comércio eletrônico me abriu a
mente para novas possibilidades.
Na terça-feira abri um jornal que leio
frequentemente e vi uma propaganda de um supermercado local. Ali dizia assim:
'Mercado virtual, Faça seu primeiro super pela internet. Primeira entrega
gratuita.' Bom, dormi com aquilo na cabeça pensando. Imagine: em breve teremos
farmácias, padarias, locadoras de vídeo, floriculturas, pizzarias e inúmeros
outros serviços e produtos que poderemos contratar ou comprar via internet
através de um game.
Havia baixado alguns jogos interativos
em rede naquele dia. Estava tudo muito quente na cabeça. Com isso tive um
sonho que somou todas estas informações juntas. No sonho imaginei-me jogando um
game em que eu manipulava um avatar idêntico a mim em seu biotipo.
Poderia manuseá-lo em primeira ou terceira pessoa. Andando por uma réplica
virtual da cidade em que vivo. Entrava nos estabelecimentos comerciais. Fazendo
compras, conversando com pessoas em tempo real, efetuando pagamentos, agendando
entregas de produtos em minha residência e muito mais.
A parte mais legal deste game-sonho foi
quando estava no supermercado fazendo compras. Meu avatar empurrando um
carrinho de supermercados. Escolhendo produtos. Lendo rótulos de shampoos,
verificando a validade da carne moída e pesando as frutas. Efetuando
o pagamento com a moeda virtual que depois seria debitada automaticamente em
minha conta bancária. E agendando a entrega em meu apartamento onde eu me
encontrava coordenando tudo pelo computador.
Bom, isto tudo foi apenas um sonho. Acordei
e pensei em buscar o conhecimento para desenvolver este game. Isto levaria
algum tempo apenas para adquirir o conhecimento necessário para por em prática
esta ideia. E até lá acredito que este sistema já esteja em grande parte dos
estabelecimentos. Contudo, registro aqui a visão de futuro na esperança de que
alguém desenvolva este projeto. Só me resta aguardar o dia em que poderei andar
novamente pelas ruas virtuais de cidades reais, E interagir da mesma forma que
interagimos no mundo em que vivemos.
J.P.D.
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